2010-10-23

Deus me ajude a ter sempre a lucidez de ser sempre uma pessoa verdadeira, simples e humilde e não hão-de ser alguns trastes arrogantes com os quais tropeçamos na vida, que por razões que não interessa aqui esmiuçar, e com inteligência que roça a leviandade, a pobreza de espírito e a falta de carácter, me hão-de querer fazer ser outra coisa qualquer. Nunca. Jamais.

"Nunca se pode concordar em rastejar, quando se tem ímpeto de voar." Helen Keller

2010-10-18

Um casal com uma filha, esta com cerca de 10 anos, que se aproximava de mim, exibia um estatuto sócio-económico muito elevado. Ela, uma senhora com uma educação , uma leveza e simpatia irrepreensíveis. A filha com as mesmas características, embora com um semblante tímido, sem o sorriso espontãneo que deveria caracterizar todas as crianças supostamente felizes. Ambas com um laço no cabelo, o da mãe num tom castanho-chocolate mais discreto que o da filha. Esta última, um pouco ao jeito  da viúva Porcina (quem é da minha geração lembrar-se-á com certeza da figura Porcina do Roque Santeiro).
A mãe aborda a filha num tom de voz baixo, muito educado e delicado: "- Ritinha leia isso para o seu pai". A filha um tanto ou quanto envergonhada, muito branca e algo tímida, não articula palavra nenhuma. Os pais boquiabertos olham os dois para a filha e a mãe volta a repetir no mesmo tom de voz que a caracteriza: "- Ritinha não me diga que a menina não consegue ler o que está aí escrito para o seu pai!". A menina, coitada, lá consegue finalmente articular a frase num volume de voz ainda mais baixo que o da mãe. Esta, vendo a filha tão envergonhada, diz-lhe de sorriso nos lábios: -"Ritinha não me diga que a menina precisou de ficar a suar para ler uma simples frase ao seu pai!".
Este tratamento por você que alguns pais adoptam para com os filhos, nem sei dizer se é bom ou é mau, embora o considere muito frio. Sinto-me, no entanto, feliz por nunca ter tido um tratamento destes e mais feliz e aliviada fico por não ser este o tratamento que damos aqui em casa ao nosso filho, embora considere que a educação seja a regra primordial de tudo.
Mas das duas uma, ou a miúda se conforma com a sorte de usar laço no cabelo, metaforicamente falando, ou um dia irá dar o grito do ipiranga.

´O Verão`

«No Verão devíamos, não por imposição legal mas por serena disciplina interior, ser obrigados a perder-nos. A perder-nos no que nos rodeia. ...