2010-08-24

João de Melo in "As coisas da alma"

"Eu, que gosto tanto do mar e da sua voz que por vezes adivinho até no encandeamento obscuro dos meus sonhos, tenho por hábito passear sozinho ao longo da praia, de onde posso admirá-lo ou ficar a ouvi-lo sob a luz branca dos fins de tarde. Vou por ali fora, sozinho, entregue aos meus pensamentos, caminhando ao rés das fímbrias de água que as ondas baldeiam sobre a areia húmida, tornando-a plana e lisa como vidro. Recebo do mar a sua paz azul que me entra pelos olhos e que enche de inconfessáveis segredos o meu coração. Sinto-a como um suspiro na pele. A voz do mar traz até mim essa música do indefinido que por certo existe por detrás do silêncio, nas regiões da alma e no limite extremo do ser."




João de Melo in "As coisas da alma"

´O Verão`

«No Verão devíamos, não por imposição legal mas por serena disciplina interior, ser obrigados a perder-nos. A perder-nos no que nos rodeia. ...