2010-11-05

às vezes quando me sento aqui, não tenho absolutamente nada para escrever, nenhuma ideia, nenhuma luz que se faça no meu cérebro que dê seguimento e coerência aos pensamentos que ora vêm, ora vão... tantos, aos milhares, mas nenhum deles com corpo e consistência, em suma interessante, digno de se escrever para um público atento, que anda num entra, lê e sai, sem dizer absolutamente nada, mas que no entanto regressa na esperança de encontrar alguma coisa com pés e cabeça, digna de ser lida

2010-11-04

mais uma ida à biblioteca e a leitura de mais um livro. Desta vez um livro que já saiu em 2005, "no meio do nosso caminho" de Clara Pinto Correia.
Um livro bem mais leve, para descontrair.

Tenho vindo a constatar que leio muito mais no Inverno do que no Verão. O frio mantém-me mais por casa, deve ser essa a razão.

Excerto do livro "Sinto Muito" de Nuno Lobo Antunes

"Jennifer
... Gostava tanto de ti...

...Foi bonita a cerimónia. Estavas dentro de uma caixa azul. Mais pequena do que o costume. Azul, presumo, porque era a cor dos teus olhos e a cor do mar. O teu pai - imagina - durante a noite pintara no teu caixão os golfinhos de que tanto gostavas. Saltavam felizes os bichos. A teu lado rompiam ondas, e sorriam, só para ti, aquele sorriso enigmático de Gioconda. Percebi então que eras sereia, que o mar e o Céu são o mesmo, e que estavas feliz. Chorei tanto, Jennifer, tanto. Olha, chorei tanto que os teus pais tiveram pena de mim. Verdade! Pegaram-me no braço, beijaram-me na face. E eu, minha querida, perdido. Perdido de dor e de remorso. E de saudade. Não sei se sabes o que é um poço. Um poço é o inferno, o lado de lá da vida. O escuro, a falta de ar. Preciso de sol para gostar da vida. Os teus pais, coitados, puxavam-me para cima e apanhavam bocados de mim, espalhados pelas pedras da igreja...."

                                                "Sinto Muito" de Nuno Lobo Antunes


Emocionei-me muitas vezes no decorrer da leitura deste livro magnífico. Recomendo vivamente a sua leitura.

´O Verão`

«No Verão devíamos, não por imposição legal mas por serena disciplina interior, ser obrigados a perder-nos. A perder-nos no que nos rodeia. ...