2010-11-30

"O Vendedor de Passados" de José Eduardo Agualusa

Ainda antes de escrever um pequeno excerto deste livro que estou a ler, quero dizer-vos que em relação à neve também há o reverso da medalha, porque está um frio de rachar, as estradas estão pouco transitáveis, há gelo na estrada e eu não gosto que me condicionem os movimentos... mas a paisagem, essa, exibe uma beleza única e divinal.

Excerto do livro de José Eduardo Agualusa, "O Vendedor de Passados", pág.122:
"Lembro-me de um quintal estreito, de um poço, de uma tartaruga dormindo na lama. Ia um bulício de gente para além das grades. Recordo ainda as casas baixas, afundadas na luz fina (como areia) do crepúsculo. A minha mãe estava sempre a meu lado, uma mulher frágil e feroz, ensinando-me a recear o mundo e os seus perigos inumeráveis.
«A realidade é dolorosa e imperfeita», dizia-me, «é essa a sua natureza e por isso a distinguimos dos sonhos. Quando algo nos parece muito belo, pensamos que só pode ser um sonho e então beliscamo-nos para termos a certeza de que não estamos a sonhar. A realidade fere, mesmo quando, por instantes, nos parece um sonho. Nos livros está tudo o que existe, muitas vezes em cores mais autênticas, e sem a dor verídica de tudo o que realmente existe. Entre a vida e os livros, meu filho, escolhe os livros.»."

´O Verão`

«No Verão devíamos, não por imposição legal mas por serena disciplina interior, ser obrigados a perder-nos. A perder-nos no que nos rodeia. ...